Crónica Jogo d'Palavra. Tubarões vs. Garanhões: Bonança - Tempestade - Bonança! Ou a Queda de uma Malapata

23 Junho de 2023

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Por Benvindo Neves

Burquina Faso! Ah Burquina! Este nome estava atravessado na garganta dos Tubarões Azuis. 
Explico: até 2011 Cabo Verde via na seleção burquinabê o seu melhor cliente de sempre. Em quatro confrontos com “Les Etalons”, a seleção nacional tinha ganho sempre.

Porém, as coisas viriam a inverter-se de forma radical a partir de 2016. Nesse ano, o Burquina veio ao Estádio Nacional vencer por 2-0, num duelo a contar para a fase de qualificação para o Mundial 2018.

A segunda mão foi já em 2017. Cabo Verde seria goleado na casa do Burquina, 4-0!
Quatro anos mais tarde, já em plena CAN 2021, os dois países ficaram no mesmo grupo. Burquina ganhou por 1-0. Foi a única derrota da equipa nacional na fase de grupos. Conseguiu qualificar-se para os quartos-de-final.

A chatice iria continuar no ano seguinte. Fez-se o sorteio para a campanha de qualificação para CAN 2023 e no grupo de Cabo Verde estava… Burquina Faso! A primeira jornada ditava logo um duelo entre essas duas seleções. Os Tubarões jogavam fora. E quem ganhou? Bur-qui-na! 2-0!

Estava instalada uma espécie de maldição do tipo “depois da bonança, a desgraça”. Ou seja, em cerca de seis anos, de 2016 a 2022, Cabo Verde e Burquina Faso encontraram-se por 4 vezes. Os Tubarões Azuis perderam os quatro confrontos. E, pior, sofreram 9 golos e não marcaram um golinho sequer!

No último domingo, 18 de junho, nova cimeira Cabo Verde-Burquina. Um autêntico tira-teimas. Era o nono confronto entre essas duas seleções da África Ocidental. Cabo Verde havia ganho os quatro primeiros, Burquina os quatro últimos.

O jogo assumia, por conseguinte, especial relevância para os Tubarões Azuis. Se vencessem estavam apurados para mais uma Copa Africana. Então, era ganhar ou ganhar. E num plano secundário, outra motivação: acabar com a malapata chamada Burquina e retomar as vitórias frente a esse incómodo adversário.

Cabo Verde ganhou! Selou o apuramento para a CAN, a quarta vez na história, a segunda de forma consecutiva! Desfez o feitiço dos últimos jogos sem marcar e só a perder com Burquina Faso! Muitas vitórias numa só! Yeah!

O mais interessante ainda é que não foram só esses os borregos que os Tubarões mataram no passado domingo. A seleção orientada por Bubista vinha de mais de dois anos sem marcar um golo no Estádio Nacional. A última vez tinha sido a 3 de março de 2021 quando os Tubarões voltaram a “fazer bafa” com Camarões. Vitória por 3-1. Foi a última partida antes de a infraestrutura ser interditada para jogos internacionais. E a interdição durou 2 anos.

Em março último, já com o estádio de carinha bem lavada e a agradar, finalmente, os boss da CAF/FIFA, a os Tubarões Azuis voltaram a jogar em Monte Vaca. Na receção a Eswatini, as coisas não correram bem.  Cabo Verde não conseguiu marcar. O jogo terminou com um nulo.

Estava, pois, escrito que seria contra o Burquina Faso que a Seleção Nacional voltaria a acertar com a redes no seu quartel-general.  Assim, Cabo Verde resolveu outro problema com a sua besta negra: retomou os golos no Estádio Nacional.  E foram logo 3!

E mais: estava escrito que seria contra “os garanhões” do Burquina que Bebé, João Paulo Fernandes e Clé marcariam os seus primeiros golos em jogos oficiais pelos Tubarões Azuis.

Enfim, pode dizer-se que com o Burquina Faso a história da seleção de Cabo Verde resume-se a um aforismo dito a torto e a direito: “Depois da Bonança vem a tempestade, depois da Tempestade… a bonança” 

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